Brasileiros terão 150 dias de trabalho destinados ao pagamento de impostos em 2012

on 29 de mai. de 2012

Em 2012, 150 dias de trabalho do brasileiro terão sido para o pagamento de impostos, taxas e contribuições. Ou seja, até essa terça-feira, dia 29 de maio de 2012, serão cerca de quatro meses e 29 dias destinados às responsabilidades fiscais nas esferas federal, estadual e municipal, sendo repassados 40,98% do seu rendimento bruto no ano. Os dados constam no estudo “Dias Trabalhados para pagar Tributos”, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

  Brasil, o país dos impostos


O estudo mostra que o brasileiro trabalhou, para pagar impostos, 149 dias em 2011, 148 dias em 2010, 147 dias em 2009, e 148 dias em 2008. A quantidade dobrou em relação à década de 1970, quando eram necessários 76 dias de trabalho para esse fim. Constata-se ainda que, dependendo da faixa de renda, o contribuinte terá de trabalhar mais dias no ano para ficar em dia com a receita: os que têm rendimento mensal de até R$ 3.000 trabalharão 143 dias, os que possuem rendimento de R$ 3.000 a R$ 10.000, 159 dias, e aqueles que ganham acima de R$ 10.000, trabalharão 152 dias.

Além da tributação incidente sobre os rendimentos, como Imposto de Renda Pessoa Física, INSS, previdências oficiais e contribuições sindicais, o cidadão brasileiro paga tributos indiretos sobre o consumo, inclusos no preço dos produtos e serviços (PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, etc) e sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR). As taxas (limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos) e contribuições (iluminação pública) também estão consideradas no cálculo.

Em 2011, o Brasil arrecadou R$ 1,492 trilhão e deve manter o valor em 2012. Segundo o presidente executivo do Instituto, João Eloi Olenike, apenas sete ou oito por cento da arrecadação do governo é investida em infraestrutura. “Os valores arrecadados são utilizados para despesas de folha de pagamentos. Sobra muito pouco para novos investimentos do país”, explica.

O estudo traz ainda uma comparação com a situação em outros países. O Brasil fica atrás apenas da Suécia, onde o contribuinte destina 185 dias para o pagamento dos tributos. Na França, são necessários 149 dias, nos EUA, 102 dias e no México, 95 dias.

Para Olenike, a qualidade de vida depende de investimento de qualidade e o brasileiro, além de pagar uma alta carga de impostos, ainda precisa trabalhar mais para prover os serviços deficientes do governo, que acarretam em pedágio, assistência médica, serviço de segurança e ensino particular.

“Somando tudo, o brasileiro acaba pagando muito mais do que os impostos. Isso é tributação indireta, que é quando se paga pelo que o governo não pode dar. Assim, o retorno não é bom para ninguém. Quem tem mais dinheiro consegue viver com mais conforto e sente menos o pagamento. Quem depende do SUS, por exemplo, não tem para onde fugir. A classe média acaba sendo punida porque paga muitos impostos e não percebe o retorno. Não devia pagar por médico particular, o governo devia dar um serviço que atendesse bem”, conclui Olenike.

Os resultados do estudo são provenientes de uma pesquisa do percentual de impostos pagos pelos brasileiros de acordo com o valor dos seus ganhos, sobre a renda, sobre a propriedade e como consumidores finais de produtos, mercadorias e serviços. Os índices obtidos foram multiplicados pelo número de dias existentes no ano, (365 para períodos normais e 366 para anos bissextos), obtendo-se assim o número de dias trabalhados pelos brasileiros só para pagar impostos.


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